terça-feira, 27 de março de 2012

Magricela Lero-Lero

E no quadrado de cimento fez-se o tédio.
Gente com cara de fome, apertando-se pra lá e pra cá, croc-croc arrastando as cadeiras.
O olho enxerga  mas a cabeça voa. O magricelo cabeludo no meio da sala não chama tanta atenção quanto o ventilador  velho no  canto do quadrado. Eu, transparente, observando movimentos estáticos. O cochilo, o fulano que coça, coça, coça e coça a cabeça pra tentar manter-se ligado na cadeira ainda mais dura do que a meia hora atrás...
Nada de interessante. Torturante tal estado, o silêncio apenas grita socorro. Blá blá blá eterno...todos a espera do intervalo, o magricela vai fumar...
Só não sei se em grego ou croata, talvez até outro, só não o português.
Já que me falta um parafuso, aproveito da minha "imaginatividade" e fujo do cimento. Pintei as paredes, cada uma de uma cor, azul, branco, verde, rosa, em alguma delas cheguei até a bordar carmos, pra ficarem mais bonitas...
Bailarina com asas nos pés, dançando pelos ares. Façam uma roda, deem as mãos, gritem, cantem, vamos vagabundar por ai, divagando...do que adianta o tal lero-lero? Mas ora! Deixa isso de lado, a cabeça é mundo...
Pois então, fumando um tantinho de pacaia, saboreando cafezinho com leite, ouvindo o Vinicius e lembrando do astronauta fazedor de meu bem, aquele que ilumina minha existência com 777 estrelas...
Apois, levando assim parte da noite, no aguardo do enamoramento...

Um comentário:

  1. Com tédio pelo lero-lero somente não dançou bolero.
    De pacaia ou kaya, a fumaça espanta mosquitos e esquisitos..

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